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Bate-Papo com Robert Francis
Puntismos: Oi, Robert! Obrigado por esse bate-papo com Puntismos. Primeiro, deixe-me dizer que realmente curto seu som. Você tem uma presença muito tocante e poderosa, é um novo artista muito excitante, que precisa ser ouvido.

Robert Francis: Obrigado.

Puntismos: Recentemente, você lançou “One by One”, pelo Aeronaut, seu primeiro álbum. Fale um pouco sobre esse disco.

Robert Francis: Esse trabalho demorou um pouco mais de um ano para ficar pronto. Eu gravei em diferentes lugares e, essencialmente, aprendi como gerenciar aquele período de tempo. O disco veio logo depois de uma relação com altos e baixos. Eu decidi terminá-la quando escrevi “All Of My Trains”, uma espécie de aceitação de que tudo que eu tinha estava acabado.

Puntismos: Muitas das canções desse álbum foram escritas enquanto você viajava. Você estava dando um tempo no México?

Robert Francis: Muitas foram escritas nos Estados Unidos. Minhas viagens para o México precederam o disco.

Puntismos: Fale um pouco sobre “Mama Don’t Come”?

Robert Francis: Bem, minha namorada e eu adotamos, naquela época, um pit bull do canil da vizinhança. O cachorro meio que se tornou a nossa vida. Eu me lembro de caminhar e ver esse pit cinza escuro abatido, com antiséptico verde cobrindo todo seu corpo e manchas de sangue em todos os lugares. Ele só ficava ali sentado e nunca aparecia na cerca para dizer “oi”. Nunca latia, mal abria os olhos.

Puntismos: O que te levou a ele? Uma solidão em comum?

Robert Francis: Eu voltei ao canil três vezes antes de levá-lo em consideração. Disseram que ele era um lutador. Mas, no último dia, quando ele se aproximou e descansou seu nariz no meu dedo enquanto eu o segurava pela cerca, eu o levei para casa.

Puntismos: Ele ainda é da “família”?

Robert Francis: Eu não diria solidão em comum. Eu não sabia exatamente o que sentia... Eu sei agora e, sim, ele ainda é da família. Raramente eu o deixo... Tentamos levá-lo em uma turnê, mas é muito difícil. Assim, esse é o único momento em que o deixo.

Quer dizer, um cachorro naquelas condições é, de alguma forma, como uma criança. Eles precisam de atenção constante e afeto. Ele não confia em ninguém, exceto em poucos amigos íntimos e na minha ex-namorada, que ele amou mais do que qualquer coisa.

Puntismos: Você é uma boa pessoa. Há uma virtude cristã sobre como tratar o mais baixo dos homens. Neste caso, sendo... Infelizmente, muitas pessoas não seguem essa filosofia.

Robert Francis: Então, a música “Mama Don’t Come” é sobre como meio que assistimos nossa mudança de comportamento. Muita confusão.

Puntismos: Entendo. Apesar de você ter composto e produzido “One by One” sozinho, você contou com uma série de colaboradores. Conte-nos quem tocou no disco e o que eles trouxeram para a festa.

Robert Francis: Eu dei início ao disco com meu amigo, Marc Gabor, há um ano. Ele tem uma parafernália ridícula e seus pais estavam fora da cidade. Nós colocamos a casa abaixo e meio que fizemos um estúdio. Músicas como “Dakota” e “One by One” foram gravadas lá. Eventualmente, tivemos de sair. Gastei meu tempo lá, na maioria das vezes, ficando bêbado e dando festas.

Puntismos: Por sorte, os pais dele não são membros do Puntismos.

Robert Francis: Por sorte. Eu nunca consegui juntar as coisas até muito recentemente, com a ajuda de Martin Pradler, que pegou o que eu tinha e me ajudou a fazer o que eu queria com aquilo. Ry Cooder veio no final e tocou guitarra em “Good Hearted Man”. Ele foi meio que a última pessoa a tocar no disco.

Puntismos: Todos eles contribuíram bastante, mas o trabalho ainda retém sua marca pessoal e sua voz ressoa claramente. Você cresceu em Los Angeles?

Robert Francis: Sim.

Puntismos: Seu pai e suas duas irmãs mais velhas são artistas? Como isso influencia seu trabalho?

Robert Francis: Bem, meu pai costumava me deitar em seu colo quando eu tinha, talvez, seis meses, e tocar piano por horas.

Puntismos: Ele é pianista, certo? Profissional?

Robert Francis: Eu não saberia o que fazer se não fosse pelas minhas irmãs. O primeiro disco que eu recebi foi “Bossanova” (Pixies) e o segundo foi “The Band’s Big Pink”.

Puntismos: Engraçado. Aquele disco é ótimo. Aumente o volume e sua mãe corre para o seu quarto!

Robert Francis: Isso mesmo. Ele poderia ter sido um pianista profissional, mas virou produtor.

Puntismos: Em “Alice”, você escreveu que “estava destinado à grandeza, disse minha mãe uma vez”. Você acredita nela?

Robert Francis: Bom, quando você é criança, acredita na maioria das coisas que a sua mãe lhe diz.

Puntismos: Você fez aulas com John Frusciante, do Chillies. Conte-nos como você o conheceu e, por favor, seja sincero.

Robert Francis: É verdade! Minha mãe guiou Flea pela escola onde eu estudava, porque sua filha estava matriculada ali. Mais tarde, em algum momento, eu entrei em contato com ele, pois procurava um professor do seu conservatório de música. Ele disse: “Talvez John possa ensiná-lo”. Vinte minutos depois, John ligou na minha casa. Eu pirei. Feliz.

Puntismos: Sério? Uau! Você ficou nervoso?

Robert Francis: Sim, fiquei nervoso. Eu também era muito novo. Não tinha carteria de motorista. Não era a coisa mais fácil para ele.

Puntismos: O que você aprendeu com ele? Era algo mais técnico ou mais sobre reflexão, composição, respiração como artista, ou ambos?

Robert Francis: Era muito técnico. Também muito breve. Tivemos cerca de três aulas, com duração de cerca de quatro horas e, depois da terceira, eu fui para o México e nunca mais continuamos. Eu acho que ele ficou frustrado e eu não consigo entender porquê.

Eu nunca me liguei no lado técnico das coisas. Nunca entendi e ainda não entendo. Quer dizer, ele estava fazendo aulas de matemática selvagem para melhorar suas habilidades ao usar o sintetizador modular. Eu só queria escrever músicas e zuar. A alegria de ser jovem. Me arrependo de não ter conseguido ser mais sério.

Isso também era verdade quando ele começou a lançar todos aqueles discos pelo selo “Record Collection”. Ele é um cara ocupado e muito legal. Eu só não estava pronto.

Puntismos: Algumas publicações comparam você com Steve Earle ou Neal Young, mas eu ouço mais comparações com Jeff Buckley. O que você acha da música dele? Você sente alguma conexão ali, em termos de som ou espírito?

Robert Francis: Eu adoro Jeff Buckley. Adoro praticamente tudo que ele fez. No que diz respeito a uma conexão, não estou certo se poderia dizer que nosso som é parecido ou que temos almas parecidas. Ele era mais um otimista e não tinha as inseguranças que eu tenho.

Puntismos: Vou deixar o álbum falar por si mesmo sobre essas inseguranças.

A indústria da música está em completo estado de caos. Agora, você parece não se importar com o lado comercial e está focado na sua arte. Mas esse caos apresenta suas oportunidades. Hoje, é mais fácil do que nunca para um artista ser ouvido, mas, talvez, seja muito fácil se perder em meio a milhares de bandas que surgem no MySpace. Como você navega nesse cenário?

Robert Francis: Nada me deixa mais furioso do que alguém que deseja fazer parte de uma banda só para “estar na banda”. Isso me mata. Há muito disso no MySpace. Não gosto de pensar nisso. Não há muito o que fazer. Eu acredito que, em algum momento, a boa música vai voltar a prevalecer. Terá de prevalecer.

Puntismos: Exatamente. É “coloque nossa boa música” e eles virão. Eles ouvirão? E se eles não ouvirem... voltarei para o México, “whisky e blues”…

Robert Francis: Claro! Certo.

Puntismos: Os amigos do Puntismos podem checar Robert no myspace.com/robertfrancis. Onde eles podem comprar suas músicas ou disco?

Robert Francis: Na maioria das lojas de discos, iTunes, Amazon, etc.

Puntismos: Legal. Você está fazendo turnê? Onde as pessoas podem te ver ao vivo?

Robert Francis: Vamos tocar em “El Cid” no dia 26 de outubro. Não há planos para turnê por enquanto. Manteremos todo mundo informado, é claro.

Puntismos: Pelo seu site no myspace?

Robert Francis: Tudo vai estar lá esta noite. Confirmado. Todas as informações podem ser obtidas lá.

Puntismos: Os membros do Puntismos podem tomar nota. Robert, obrigado por conversar conosco.

Robert Francis: Obrigado a vocês.

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